07/05/2016

Como assim match duplo?

Meses e meses de preparo – tsc – é igual a meses e meses de expectativa. Finalmente você vence as burocráticas etapas de inscrição, teste de inglês, application, vídeo... Você está online. Não surpreendentemente, o momento vem acompanhado de taquicardia, mãos suadas, um cadinho de falta de ar. De repente você não sabe mais comer, interagir, dormir, só o que você sabe é: atualizar o e-mail.

Me programei para esse intercâmbio por mais de 1 ano. Quando finalmente fiquei online eu não via a hora de entrar uma família no meu perfil, óbvio. Um mês e pouquinho depois, em um dia comum, eu acessei meu e-mail e tive um ataque de choro quando li dentre os recebidos o título: “Au Pair in Seattle!” Era uma família! Eu não conseguia enxergar direito as letrinhas miúdas na tela do celular, então liguei o computador. Quando olhei melhor aquela tela maravilhosa, levei um segundo choque: havia outro e-mail: “Au Pair Interview” Sim, eram duas famílias diferentes que entraram no meu perfil no mesmo dia. Eu pensei: qual a chance?! Entrei no portal APC para ver o perfil delas e logo na sequência respondi aos e-mails.

Não demorou muito para que ambas as famílias me retornassem e para que a conversa e o interesse começasse a crescer. Fiz Skype com uma em um dia e com a outra no dia seguinte. Trocamos fotos, perguntas, respostas. Todos os dias por uma semana com as duas famílias. Falávamos sobre os lugares que visitaria, sobre as atividades das crianças, sobre os costumes da família, as escolas que eu estudaria. Antes que eu percebesse já estava super envolvida – com as duas. Cada vez que eu tentava desempatar na minha mente, alguma vantagem da outra surgia e me fazia voltar para a estaca zero.

Até que no final daquela semana a família de Ohio me mandou um e-mail dizendo “Marquei com a agência para segunda-feira às 5pm, é requisito para fecharmos o match. Aceite meu pedido formal no seu perfil na página da APC!” Eu fiquei sem reação, ela tinha praticamente decidido por mim, não perguntou se eu queria mesmo, a nossa ligação estava em um ponto que ela achou que era coisa certa da minha parte. Falou que sentiu um feeling comigo, sim, usou essa palavra mágica até. Quando de repente 1% dentro de mim fez uma escolha: A família de Seattle. Pequenos detalhes, simples palavras colocadas no momento certo, algum sentimento inexplicável. A minha família não era a dela. Lágrimas rolaram. Em Ohio e em São Paulo...

Ela sabia que eu estava conversando com outra família então eu pedi um dia para pensar e lhe dar a resposta. Ela ficou surpresa, mas não se impôs. Eu-não-dormi-aquela-noite. Havia um pedido de match na minha página, um botão verde sorrindo pra mim. O botãozinho que eu mais esperei agora é que me esperava. Eu precisava tomar uma atitude. Mandei um e-mail para a família de Seattle dizendo basicamente: outra família me pediu match, se vocês me quiserem é agora ou nunca. Na minha mente a chance deles dizerem “ok, vai lá, boa sorte” era enorme, porque eu achava quase impossível a candidata a au pair pedir o match antes da família e a família aceitar. Pois é, ela aceitou. Recebi a surpreendente resposta: “Esperamos que você ainda não tenha aceitado a outra família, falamos com várias meninas e você é nossa favorita. Se ainda estiver livre e quiser vir para Seattle, estamos prontos. Você decide.”

Não pense que meu coraçãozinho se acalmou com isso. Na-não. Eu estava em um ponto emocional em que não queria ter que tomar decisão, queria que uma me escolhesse e a outra não e pronto. Mas não era pra ser assim, era pra eu fazer a minha escolha, a escolha que definiria a qualidade do meu ano. Sentei em frente ao computador, abri meu e-mail e em um surto de coragem rejeitei o pedido de match da família de Ohio. A host disse que respeitava minha decisão mas que sinceramente estava muito triste. Eu sei que mal conheci essas pessoas mas foi difícil, fiquei abalada pela responsabilidade da escolha. No entanto posso dizer que não me arrependi. Em julho estarei indo para Seattle e cada dia tenho mais convicção de que fiz a coisa certa.

Ah, FYI, enviei uma indicação para a host de Ohio, uma brasileira chegando na idade limite de participar do programa – elas já fecharam match e o embarque está marcado para junho.
Então com isso tudo eu quero dizer o óbvio, mas que muitas vezes a gente esquece. Nada é por acaso, as coisas acontecem da forma certa, na hora certa. Precisamos estar prontos para os desafios, para as escolhas, para as consequências. Confie nos seus instintos, no seu coração, e depois tire o melhor proveito do que vier. Se for o caso, errar também faz parte, não se cobre demais. O que não vale é desistir por medo, ok?


Foco, coragem e uma viagem incrível para você!

Roberta Izzo

2 comentários:

Sabrina Silva disse...

Robertaaa, tudo bem ?
Meu Deus que situação difícil.
Nem consigo imaginar o que você deve ter passado!
Mas ainda bem que deu tudo certo.
Boa sorte, que seu ano seja maravilhoso!
Estarei te acompanhando aqui, não deixe de nos escrever *-*
Beijos, até o próximo post.

Roberta Izzo disse...

Oi, Sabrina! Foi uma loucura mesmo, mas até agora tudo está indo bem!
Obrigada pelo desejo bom e pelo comentário, acompanhe sim, será uma honra :)
Beijinhos, até o próximo!