Oi pessoal! Meu nome é
Mariana, sou ex-au pair retornada ao Brasil há pouco mais de um ano
e este é meu primeiro post... confesso que fiquei um pouco nervosa
pensando qual seria o primeiro assunto que trataria, já que quando
se trata de au pair e de EUA eu desando a falar e não paro tão
cedo.
Então a modo de
apresentação desta minha pessoa, decidi escrever um pouco sobre
como foi que eu cheguei a ser au pair e como tudo se desenrolou.
Senta que lá vem história.
Em março de 2009
estava eu, há poucos meses saída de um relacionamento de quase 5
anos que não iria me levar a lugar nenhum, procurando algo para
fazer com a minha vida. Já era formada, já trabalhava na área
havia quase 2 anos, mas faltava algo. Queria sair, ver o mundo,
juntar dinheiro e fazer um mochilão, sumir por uns tempos... não
sabia. O que sabia era que tinha perdido tempo demais pensando num
futuro que nunca viria, já estava com quase 25 anos e estava
renascendo para a solteirice.
Então meu irmão -que
também tem esse siricotico por viagens- foi numa feira dessas de
intercâmbios. Eu já tinha ido outras vezes, com o tal namorado do
relacionamento longo, mas nunca tinha tido coragem de largar tudo.
Sempre tinha visto intercâmbio como um sonho para outros, não para
mim.
Meu irmão voltou da
tal feira trazendo uma sacolona de panfletos dos mais diversos
programas. Comecei a folhear, e um deles (um famoso panfleto com
formato de estrela, alguém conhece? Rs) me chamou a atenção: dizia
algo como “Seja Au Pair nos Estados Unidos com um investimento de
apenas U$S200!”.
Isso muito me atraiu,
li o panfleto todo, entrei no site. Obviamente não era somente isso
que iria pagar para ser au pair, mas o restante do valor era
devolvido no final do programa. Aquela noite, fiquei até altas horas
lendo dois ou três blogs de au pairs que encontrei numa primeira
googlada. Um deles me lembro de ter destrinchado até chegar ao
primeiro post. Queria saber de tudo! Logo me tornei expert em tudo
que tivesse relação com au pair: todas as regras do programa, de
cabo a rabo, eu as sabia. Mas...
Não tinha carteira de
habilitação. Tinha adiado por muito tempo tirar a CNH, fosse por
falta de dinheiro ou pouca coragem de tomar uma iniciativa. Também
não tinha horas com crianças.
---- Vou dar um pulo
aqui, nos meses pouco interessantes em que fiz auto-escola, entrei
para o Clube de Desbravadores (os “escoteiros” da Igreja
Adventista), e entrei como voluntária numa escolinha do bairro. ----
No final de julho, fiz
as provas do Detran e minha CNH saiu. Também fechei as primeiras 100
horas de atividades e cuidados com crianças, então fui à agência
fazer a inscrição no programa. Assinei o contrato no último dia da
promoção, mesmo com as agentes um pouco descrentes do meu perfil. Eu tinha pontos
a favor, mas também pontos contra: já tinha 25 anos e isso -me
garantiram- contava muitos pontos junto às famílias. Meu perfil era
bom, equilibrado e responsável. Mas... poucas horas com crianças e CNH muito nova
deixavam minha ficha “fraca”. Não importa, pensei. Vou continuar
fazendo as horas enquanto preencho o application.
Levei para casa e
comecei a preencher. Fui indo atrás das referências necessárias,
formulário médico, fotos, etc. Ao mesmo tempo tinha outras
atividades, e uma delas foi um divisor de águas entre o que
acontecera até então e o que viria no futuro.
Com os maiorzinhos dos
Desbravadores e a diretoria do Clube, surgiu uma subida ao Pico do
Cambirela, em Santa Catarina (onde eu morava). Ia ser uma escalada
noturna, pelo caminho mais complicado, com vários paredões
verticais e obstáculos diversos. Na noite de 29 de agosto de 2009,
fizemos a tal excursão.
Foi realmente uma
subida muito difícil, em vários momentos era somente a parede, uma
corda, eu, e Deus. As pessoas que já tinham subido ou que estavam
esperando para subir não podiam fazer nada, cada um tinha que
escalar por si só até o próximo patamar. Mas atingir o topo, às 3
da manhã naquele vento cortante de inverno me deu uma sensação de
dever cumprido como poucas vezes senti na vida.
Dormimos apenas até
começar a clarear. Ao despontar o sol, o amanhecer foi de uma emoção
tal, que chorei em agradecimento a Deus por me permitir ver tal
beleza, e pedi muito sinceramente que me guiasse nesse caminho que
estava empreendendo. Meus formulários estavam praticamente prontos,
faltava uma assinatura aqui e ali... pedi que Ele não me deixasse
sonhar com aquilo que não era para mim.
Depois de descer, já
no domingo, descansei. No dia seguinte, mal conseguia me mexer da dor
nos músculos mas mesmo assim fui trabalhar. No fim do dia, me
chamaram para conversar: fui demitida.
Essa era minha
resposta! “Agora é a hora” pensei comigo. Em dois dias entreguei
o application. Passei hora e meia dentro da agência, a agente
revisou tudo junto comigo e eu mesma dei meu submit ali, no
computador da agência. Estava feito!
Em exatos 16 dias,
fiquei online.
Oito dias depois, a
primeira (e única) família entrou em contato.
Seis dias depois, eles
pediram o match. Dia 29 de setembro.
No dia primeiro de
novembro, apenas 2 meses depois de ter pedido a Deus que não me
deixasse ir em frente se aquilo não fosse para mim, embarquei rumo a
New York para cuidar do pequeno B., o bebê mais lindo que eu já
tivesse visto, de apenas 2 meses de idade.
Logo depois que cheguei
na host family, fiquei sabendo da data de nascimento do pequeno B:
madrugada de 30 de agosto, exatamente o dia e o horário que eu
estava alcançando o topo do Cambirela.
Imagem: Arquivo pessoal - no topo do Cambirela |
3 comentários:
Não sei se estou muito sensível ou se é pq ando fazendo mais ou menos os mesmos pedidos à Deus (e a vontade continua em mim) mas chorei lendo seu post.
Lindo! só da mais forças a quem ainda está apenas no começo de uma longa caminhada.
bjs.
Querooo maiss :) realmente ótimo post.
Muito lindo!
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