07/10/2016

O que esperar do Au Pair Program


Todo projeto que se inicia na nossa vida traz uma carga de objetivos e expectativas. Algumas vezes estes permanecem inalterados - ou quase - até o final daquela experiência. Mas na maior parte das vezes eles sofrem modificações, adaptações, mudam de direção, melhoram, pioram, morrem, renascem... O fato é que nunca temos controle de tudo que acontece à nossa volta e ter o coração aberto para entender e saber lidar com isso é uma grande lição que tiramos da vida.

Dois meses e meio foi o tempo que eu levei pra perceber que de todas as expectativas que eu tinha em relação ao Au Pair Program, a mais relevante é uma que eu não considerei quando ponderei os meus prós e contras para entrar nesse intercâmbio. 

Assim como muita gente eu optei por participar desse programa no intuito de melhorar o meu inglês, de dar um up no meu curriculo, de me afastar por um tempo da rotina que estava me engolindo viva, de tentar algum tipo de recomeço. (Claro que a gente aprende a amar nossas crianças, mas não é por elas que a gente vem, a gente vem por nós mesmos.) 

E foi tendo uma conversa comigo mesma um dia desses enquanto olhava essa natureza mixada com cidade e com cor de amor que é Seattle que eu me deparei com a maior verdade desse intercâmbio: a maior riqueza que ganhamos aqui é o amplo e impagável auto-conhecimento. Difícil explicar porque é um conceito super abstrato. Mas o bem mais precioso de um indivíduo é ele saber quem é ele mesmo, saber o que é importante pra ele, o que o deixa feliz de verdade, saber quem são as pessoas essenciais na vida dele e quem não é, saber qual é o papel dele nesse mundo, saber respeitar os próprios gostos e conhecer os próprios limites. A gente perde muito tempo elaborando ideias para carreiras e conquistas e relacionamentos de modo geral, e isso tudo faz parte, mas quando a gente se conhece direito, conhece a nossa essência, tudo isso vai no lugar de maneira super natural.

Acredito que todo intercâmbio proporcione desafios e crescimento, mas olha, vamos dar valor aqui para o programa de Au Pair, porque só quem é ou já foi sabe a quantidade de gigantes que se mata por dia. E é entre um gigante e outro que a gente aprende a se virar, aprende a planejar direito os lugares que quer conhecer durante uma trip de fds, aprende a lidar com as crianças gritando, com elas doentes, com elas cuspindo comida. Aprende a engolir desaforo, a não ter vergonha de pedir informação em inglês mesmo trocando as palavras. Aprende a ser cordial com quem não merece e aprende a impôr respeito quando é necessário. Aprende a lidar com a solidão - não importa quantos amigos você faça, às vezes a solidão simplesmente faz parte - aprende a tirar proveito do seu próprio espaço e do seu próprio tempo sozinho, aprende a se cuidar melhor já que não terá ninguém insistindo pra você tomar um remédio quando estiver doente, aprende a limpar, organizar, arrumar sim, porque agora é você quem não quer viver em um espaço sujo. Aprende a ser responsável por si mesmo, pelas próprias escolhas e passa a gostar disso.


Esse não é um post de auto-ajuda nem nada do tipo, é apenas uma reflexão compartilhada sobre como o intercâmbio pode - e muito provavelmente vai - mudar a sua vida de forma definitiva. A boa notícia é que vai mudar pra melhor.

Se você está em dúvida sobre fazer ou não intercâmbio a minha dica é: segue o seu coração. Eu diria um sonoro "vem!" mas acredito que cada um tenha um momento e um preparo psicológico para viver algo. Mas se seu coração diz "vai" e o que te prende é medo, venha. Esse mundo já está cheio de gente medrosa perdendo chances e mais chances. O seu maior sinal é o interesse que te fez ler esse post até aqui. Muito mais do que uma boa lembrança na memória, você será uma uma nova versão maravilhosa de você mesmo.

Foco, coragem e uma viagem incrível para você!


Roberta Izzo


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