01/09/2016

Por que voltar para o Brasil?

Bom, hoje eu vou falar sobre os motivos de eu ter voltado para o Brasil depois do meu ano de au pair. Pra mim é muito claro: você vai ser au pair por um ano, ou até dois, e depois você volta para o seu país. Porém, muuuuuita gente sempre me pergunta até hoje "mas por que você voltou? Por que não ficou lá?".
As pessoas que, algum dia já ficaram por um tempo fora do país em situações parecidas, sempre entendem meus motivos e, muitas delas, nem me perguntam o motivo de eu ter voltado, mas elas mesmas já me dão motivos e perguntam se foi por causa deles. Bom, isso é porque a maioria das pessoas que já morou um tempo fora sabe como as coisas são aqui, e como elas são lá.
Esse post é muito pessoal, e com base na MINHA experiência e nas pessoas ao meu redor. Você que está lendo, pode ter uma opinião diferente. :)

Quando eu fui au pair, eu estava namorando e, claro, os maiores motivos para eu ter voltado foram o meu namorado e a minha família. Porém, eu fui como au pair pros Estados Unidos, eu não fui trabalhando em uma empresa e ganhando bem, tendo um lugar meu pra morar e um carro próprio. Meu sonho nunca foi ser babá ou morar na casa dos patrões. Apesar da minha host family ser maravilhosa, eu trabalhava pra eles. Eu sentia falta de morar com a minha família, ou até de morar sozinha, de ter as coisas do meu jeitinho, ou de pelo menos ter uma cozinha sempre limpa (americanos, em sua maioria, são folgados nesse ponto). Eu sentia falta de ter o meu carro próprio, de poder sair com ele pra onde eu quisesse, quando eu quisesse, sem ter que pedir nada pra ninguém - afinal, nos EUA o carro era da host family, eu sempre precisava avisar quando iria usa-lo e, muitas vezes, dizer onde estava indo.
Mas, pra ser sincera, as duas coisas que eu mais senti falta foram a comida brasileira e o calor humano. Gente, os americanos são muito frios!!! Minha HF era super amada! Eu tenho contato com eles até hoje, já fui visita-los, mas naaaada se compara à uma amizade brasileira, ao abraço do brasileiro, ao calor humano que temos naturalmente nesse país. E a comida americana sem gosto? Gente, que saudade de um feijãozinho de verdade, de um pão de queijo e um caldo de cana! Claro que em algumas regiões dos EUA é mais fácil encontrar comida brasileira do que onde eu morava, mas eu comi a comida brasileira em vários estados e, pra mim, nada se compara à comida do Brasil mesmo! Essa comida brasileira importada não tava com nada...hehe! Até as carnes nas churrascarias brasileiras não são iguais às carnes que comemos no Brasil.
Aí algumas pessoas me perguntam: mas lá não é tudo mais fácil e mais barato? Não, não é. Pelo fato de ser uma imigrante, muitas coisas não são assim tão fáceis. E o barato lá é se você for comprar um eletrônico, uma roupa ou um carro. Mas e pra mandar consertar o banheiro? Gente, gastamos SEISCENTOS DÓLARES pra desentupir o banheiro uma vez! E pra consertar os cabos da TV a cabo? Foi mais uma facada! E pra consertar o carro? E o valor pra pagar faxineira/diarista? Vixi... Então, as compras podem ser mais baratas, mas a mão de obra é muito muito muito mais cara!
Como em qualquer lugar, tem as vantagens e desvantagens de morar nos EUA, assim como tem as vantagens e desvantagens de morar no Brasil. Aqui no Brasil eu tinha meu cantinho, meu carro próprio, uma empresa própria, um pai e uma mãe maravilhosos, meu namorado... E um emprego que não era ser babá! :P
Muitas meninas vão como au pair com a intenção de ficar no EUA, e ser au pair é uma maneira mais fácil de entrar no país, de conhecer a cultura, de começar a estudar, de conhecer um marido, enfim, de ficar lá no país. Eu nunca fui com essa intenção.
Mas aí você me pergunta: Cláu, então você não moraria de novo lá? Eu moraria, sim! Se uma empresa me chamasse pra trabalhar em algo que eu gostasse e fosse feliz e realizada. Ou se eu tivesse como abrir minha empresa de fotografia lá de uma maneira simples como foi abrir aqui no Brasil - mas não é, porque eu seria estrangeira lá, e o processo é totalmente diferente.
Pra mim, a vida tem que ter um sentido. Eu tenho que ter as pessoas que amo ao meu redor, tenho que ter a minha liberdade e também ter um trabalho que faça eu me sentir realizada. Se eu pudesse colocar tudo isso na mala e voltar pra Kansas, eu estava no avião agora! Moraria em um país mais seguro, aprenderia mais ainda inglês, estaria pertinho da minha host family e poderia viajar muito mais frequentemente. Porém, como não cabe tudo isso na mala, então a minha felicidade está aqui, no Brasil. Mas um pedacinho do meu coração sempre vai estar em Kansas...
Isso é ser intercambista. É nunca mais se sentir 100% completo, porque um pedacinho do seu coração estará pelo mundo.


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